SIM, SOU UM MENDIGO MALTRAPILHO

Avisto uma mulher bela se aproximando

Seus tênis são da cor preta

Ela usa uma legging marcando a buceta

Blusinha decotada cobrindo os seus peitões

Cabelos loiros soltos e olhos azuis

Boca rubra por causa do batom

Ela passa por mim exalando perfume adocicado

Que cheirosa e que mulher

Deve ter entre 20 e 35 anos

Ela deve ter 1,60 m de altura

Deve estar no seu peso ideal

Sim ela é maravilhosa

Ela está indo para academia

Pois vi a sua garrafinha de isotônico

Mas ela não me vê

Porém ninguém me vê

Eu sou um mendigo maltrapilho

Fico só observando os transeuntes

De noite observo as putas vendendo os corpos

De dia os policiais (os filhos delas aqueles porcos) 

Vejo crianças correndo assustando os pombos

Alguns aposentados passam por mim cabisbaixos

Porém só vejo pouco a deusa loira

Que passa aqui de segunda, quarta e sexta

Vejo também os ônibus lotados

Pessoas indo e vindo dos seus empregos

Quase raramente uma alma caridosa surge

Paga uma marmita e um refrigerante pra mim

Eu esfomeado como depressa

Agradeço declamando alguns versos

Nisso ambos ficamos felizes

Os dias de chuva não me agradam

Pois não tem onde eu me proteger

Poucos lugares não se incomodam comigo

Eu digo e repito que não sou o perigo

Sim, sou um mendigo maltrapilho

Faço versos para me distrair

Me inspiro no meu cotidiano

Observo os detalhes ao meu redor

Tudo é mote para escrever poesia

Não existe só poesias românticas

Nem tão pouco a caótica realidade

Existe versos para expressar os sentimentos

Arthur Claro

Essa poesia foi criada para mostrar um mendigo que nem todos o vê, mas ele vê todos. Vamos prestar mais atenção nas pessoas independente da sua particularidade. Hoje não tem imagem para ilustrar.