Observo
todas as noites uma meretriz se oferecendo quase nua
Cabelos
negros e lisos combinando com os olhos verdes
Os
lábios rubros são delicados feitos para acariciar velhos manguitos
Debruçada
na janela do carro do cliente combina o preço
Acertado
somem para o motel fazer a festinha particular
Em
instantes esta de volta com a grana e preparada para o próximo
Nos
seus quinze anos de idade já é uma profissional (do sexo)
Faz
de tudo para que todos os seus clientes fiquem satisfeitos
Os
seios medianos agradam qualquer cliente que esteja com ela
Com
a grana fácil se embeleza com roupas e maquiagem caras
Velhos,
padres, playboys e gringos com ela já se divertiram
Não
tem uma noite que ela fica sem fazer seu programa
Vejo
cartazes de um idiota com discurso boçal e mendaz
Com
isso iludi a população com promessas repetidas
Mas
quem já tem certa sapiência não cai nesse papo
Quando
chegar o dia da eleição votará no candidato qualificado
Não
quero ser o senhor da razão como muitos querem
Só
tenho a pretensão de abrir os olhos dos cegos
Meu
cotidiano é diferente do que você vive
Vejo
diversas pessoas passando sem me notar
As
nossas diferenças quase sempre se encontram
Você
pode querer cobiçar a jovem meretriz que vejo
Eu
também posso cobiçar o seu emprego
Tudo
na vida se encaixa num contexto
Sem
querer eu me despeço de todos os leitores
Arthur Claro
Essa poesia foi criada sobre a ótica de um mendigo que observa a rua e a rua não o observa. A imagem foi retirada do Google e pode ser a retratação desta poesia que poucas pessoas presenciam.