Fim de tarde, chego ao Edifício São Maximiliano Kolbe, onde eu moro, sempre dou risada quando lembro desse nome, por dois motivos, um por sempre fazer trocadilho com a palavra Kolbe e outro por saber que este Santo é um dos Santos que é retratado usando óculos, poucas pessoas sabem disso e é difícil imaginar um Santo usando óculos.
No saguão, o porteiro está com o seu radinho ligado, ele me comprimenta aos berros, não sei o motivo, pois ele acha que eu não escuto bem, eu respondo com um singelo “boa noite” e vou direto para o elevador, ainda bem que está funcionando hoje, não estou com pique de subir 13 andares pela escada.
Eu me aproximo do elevador, pressiono o botão e espero pelo ding que indica a chegada da cabine, quando a porta se abre, sou impactado por um perfume em forma de onda quente e complexa de almíscar com notas florais, me atingindo as narinas, também escuto o som do seu caminhar em um ritmo decidido que ressoa pelo mármore do saguão, entro no elevador e então aquele rastro almiscarado fica mais sutil e menos concentrado.
Finalmente o elevador pára no décimo terceiro andar, um ding seco, um corte abrupto nos meus pensamentos, a porta se abre, sai pelo corredor silencioso, meus passos lentos e arrastados da canseira do dia, vou caminhando assim até a porta do meu apartamento, busco as chaves no bolso da calça e a chave entra na fechadura com muita facilidade, abro a porta, como que eu quisesse não abrir, ainda sentia a ausência que senti hoje de manhã ao acordar.